Trio Mocotó, os reis do ritmo: beleza, beleza, beleza?
Beleza!
Eles estão de volta aos palcos: Nereu Gargalo, João Parahyba e Skowa (que substituiu Fritz Escovão há mais de década, depois de uma anterior longa pausa do trio). E se apresentaram dois dias seguidos no palco da Chopperia do Sesc Pompeia no último final de semana de janeiro (26/27), contagiando o público com clássicos do repertório do hoje chamado Samba-Rock, mas também com o carisma de cada uma de suas figuras e, sobretudo, com o ritmo mágico de que são donos.
Quando digo ritmo, não falo como sinônimo de rótulo ou estilo, mas do som que brota das mãos do grupo e de sua corporalidade total. Nereu não é brincadeira quando faz seus solos de pandeiro, é uma coisa embasbacante vê-lo improvisar e explorar o instrumento bem diante dos olhos e entender ali um pouco de como corre o rio da História. Ao seu lado, Parahyba com sua também histórica e única “timbateria”. E Skowa, com ou sem a guitarra nas mãos, completa o suingue e a simpatia. Todos afiadíssimos nas piadas e causos.
Não demorou mais do que uma música para o espaço da plateia virar uma pista de dança em suas laterais, com casais bailando a vera, deslizando passos de gafieira e samba’rock. Aliás, Nereu não se furta a explicar, como em quase todas as entrevistas que concede, que o termo, apesar de ter sido usado por Jackson do Pandeiro ainda em 1969 na música Chiclete com Banana, só foi atribuído ao estilo que desenvolveram nos últimos 20 anos. Quando o Mocotó se formou, a partir de encontros, apresentações e Jam Sessions na boate Jogral, em São Paulo, tratava-se de um lance que nascia do encontro de diferentes turmas, vertentes, estudos e experimentações.
Daí que veio a clássica e fundamental parceria com Jorge Ben, que dispensa maiores apresentações. E apesar de nunca terem reatado a relação, o grupo não deixa de falar da obra do Homem. Mas no segundo dia de apresentação, Nereu confessou que achou chato um ser humano que ficou pedindo para eles tocarem Jorge Ben na apresentação do dia anterior. A turma de sábado foi mais elegante e entrou em todas as ondas que vieram lá de cima. Kriola, Não Adianta, Coqueiro Verde — e, nessa, que momento especial de lembrar Erasmo Carlos em seu auge, no disco Carlos, Erasmo, com essa musica que também está no primeiro disco do trio, Muita Zorra! (…São Coisas Que Glorificam A Sensibilidade Atual). Eles também relembrar, claro, a parceria com Vinícius de Moraes e Toquinho.
Além de Parahyba, Nereu e Skowa, a banda é formada também por Janja Gomes no violão, responsável pela produção do grupo com seu Estúdio Medusa, Vitão Momento na percussão (congas) e Marcos Romera no teclado. Inclusive, Romera é um super destaque do show, fazendo o trio se voltar pra ele e acompanhar seus solos. Uma curiosidade engraçada? No episódio do Podcast do Thunder, o trio contou que ele era o pianista do programa do Clodovil. Porém seu currículo como pianista é extenso e brilhante.
Quem perdeu terá que contar com a sorte de que o show seja realizado de novo em São Paulo. E, por enquanto, Trio Mocotó e Banda segue turnê, tocando no Sesc de Piracicaba no dia 02/02 e no Sesc Jundiaí no 09/02.
Discografia Trio Mocotó
Muita Zorra (1971)
https://youtu.be/pWKV4G8mb3E?si=otFJAqgTBDSzWMOr
Trio Mocotó (1973)
https://open.spotify.com/intl-pt/album/0Go7lwU4ezAru4cp5glWzB?si=p0oXQ_KwTHmbSB_bKfjPFQ
Trio Mocotó (1977)
https://open.spotify.com/intl-pt/album/6tmXFdIdm8dgR910hCmw0M?si=zlaQ7EzwTDGgfXyCXOqkEA
Trio Mocotó — Samba Rock (2002)
https://open.spotify.com/intl-pt/album/1Xi2cRkf7VYMp8U5x99XFJ?si=trBsYPn_SQmV3UAto_nXWQ
Trio Mocotó — Beleza! Beleza! Beleza! (2004)
https://open.spotify.com/intl-pt/album/3qbXM8W0oaPSdiIvPcZYlK?si=tIsNUxUbRdS0N36VsEgS5g
Dizzy Gillespie no Brasil com Trio Mocotó (2010)
https://youtu.be/p3dbMVCwm_8?si=Zexj4HTyqw1QKYqp
