Teatro Cultura Artística reabre em grande estilo

O icônico teatro paulistano reabre suas portas com uma emocionante apresentação da Orquestra Sinfônica Municipal, honrando sua rica história e renovando seu papel cultural na cidade.

PoroAberto
3 min readAug 9, 2024

O Teatro Cultura Artística foi reinaugurado no último final de semana com grande estilo, como merecia. A Orquestra Sinfônica Municipal, sob a regência de Roberto Minczuk, abriu a programação com peças de Camargo Guarnieri e Heitor Villa-Lobos, honrando a história do espaço que, em sua inauguração em 1950, também apresentou obras desses compositores. Com uma trajetória marcada por desafios, o Teatro é um ícone arquitetônico da cidade, tombado pelo IPHAN em 2009, logo após o incêndio que o destruiu no ano anterior.

Imagem extraída do site do Teatro Cultura Artística

O Cultura Artística nasceu da iniciativa de intelectuais e artistas da elite paulistana, reunidos em 1912 na Sociedade Cultura Artística. Entre os principais membros estava Esther Mesquita, filha do proprietário do jornal O Estado de São Paulo, Julio de Mesquita. O grupo promovia saraus, concertos e peças de teatro, muitas vezes no recém-inaugurado Theatro Municipal. Com o crescimento das atividades, surgiu a necessidade de um espaço próprio, culminando na construção do Teatro Cultura Artística na rua que hoje leva o nome do jornalista Nestor Pestana, também membro do grupo.

O projeto original do Teatro, assinado pelo arquiteto Rino Lévi, incluía uma sala principal e um auditório menor. A fachada ostenta o mural “Alegoria das Artes” de Di Cavalcanti, uma das maiores obras do pintor, que sobreviveu a diversos problemas estruturais do edifício e ao incêndio de 2008. Durante a reconstrução, o mural foi a primeira parte a ser restaurada.

A pré-abertura do Teatro, nos dias 3 e 4 de agosto, foi marcada pela emoção de todos que contribuíram para sua reconstrução, incluindo o superintendente Frederico Lohmann. No interior, destaca-se a obra de Sandra Cinto nas paredes da sala de 750 lugares e um palco que acomoda até 60 músicos. O evento seguiu com a execução das peças de Guarnieri e Villa-Lobos.

Foto retirada do site do Ministério da Cultura

Foram apresentadas duas obras de Camargo Guarnieri: “Dança Brasileira”, composta no final dos anos 1920 e elogiada por Mario de Andrade em sua coluna no jornal, e “Serra do Rola-Moça para mezzosoprano e orquestra”, composta em 1941 e inspirada em um poema de Mario de Andrade, estreada na inauguração do Cultura Artística em 1950. A solista foi Carolina Faria, que, junto da Orquestra Municipal, deu vida à tensão da peça construída sobre a aparente simplicidade da poesia do modernista.

De Villa-Lobos, a Orquestra apresentou uma das séries das “Bachianas”, compostas entre 1930 e 1945, período do Estado Novo sob Getúlio Vargas. O público teve o privilégio de ouvir as “Bachianas 8”, que, embora estreada na Itália, também foi apresentada na inauguração do teatro em São Paulo. No domingo, a apresentação do “Grande Concerto da Música Brasileira” foi encerrada com “Trenzinho Caipira”, parte das “Bachianas 2”.

Neste segundo semestre de 2024, o teatro abre suas portas ao público, incluindo a nova livraria Mega Fauna, com uma filial no prédio, e um café, ambos com entrada pela rua Nestor Pestana. Além das salas de ensaio e música de câmara, o espaço promoverá o Programa de Bolsas Magda Tagliaferro da Cultura Artística.

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