Peter Culshaw — Music from the temple of light
O inglês Peter Culshaw apresentou, no último domingo, músicas de seu disco “Music from the temple of light” no estúdio Cachuera, em São Paulo, com ele ao piano e uma banda formada pelo multiintrumentista turco Chadas Ustuntas, o percussionista Marcus Simon e as cantoras Ritamaria e Lari Finocchiaro. Completou a apresentação a performance da dançarina de butoh Emilie Sugai.
No registro original do disco, gravado principalmente em Mumbai com dois músicos indianos, Peter, ao piano, é acompanhado por vocais e flauta bansuri. A música indiana é uma das grandes influências do músico desde a infância, que tem uma forte conexão com o misticismo. Por ser um pesquisador da música dos mais diferentes recantos do mundo, o show apresentado parecia nos conectar com um lugar muito distante, ao mesmo tempo em que o piano, por mais minimalista que fosse, nos trazia uma conexão imediata. Usando um dualismo um tanto rasteiro para tentar explicar, era uma interseção entre o familiar e o distante.
Enquanto o piano de Peter era o condutor total, os múltiplos instrumentos tocados por Chadas conversavam e adicionavam camadas ao fio principal de maneira virtuosa, mas sobretudo engrandecedora. Enquanto Marcus Simon dispunha de um enorme set percussivo.
É difícil imaginar alguém com uma biografia mais divertida do que Peter Culshaw, mestre da World Music, que parece ter um antena apontada para a música desde a infância, quando se conectava com o que os pais e os avós ouviam, formava bandas e promovia shows na escola. Mas vai muito além disso, como podemos constatar na seção que fala sobre ele em seu site, que nos revela experiências como viver o underground como squatter numa Londres pré-thatcherismo, ter sido pastor nas montanhas, ter conhecido Fidel Castro em viagem a Cuba antes da queda do muro de Berlim, ser amigo de Malcom McLaren e se encontrar com Nelson Mandela. Sempre foi a música que levou Peter a milhares de lugares desse mundo e é pelas palavras dele que passamos também a conhecer um pouco da música do mundo com as inúmeras matérias que escreveu para os mais diversos veículos, como BBC, Telegraph, The Observer, The Wire etc. E, claro, há ainda seu principal trabalho, esperando uma tradução para o português, que é a biografia de Manu Chao, a quem ele acompanhou por anos.