James Chance 1953–2024

PoroAberto
3 min readJun 19, 2024

--

James Chance no Max´s Kansas City, NY

Morreu ontem James Chance, um dos ícones da No Wave. Natural de Wisconsin, James se mudou para Nova York em 1975 para seguir a vida artística. Ele formou o quarteto instrumental Flaming Youth e, após conhecer a então adolescente Lydia Lunch, provavelmente em um show dos Dead Boys em algum dos espaços do Lower East Side, fundou a Teenage Jesus and the Jerks. As poucas músicas da banda, rápidas, curtas e barulhentas, tiveram um enorme impacto na cena da época.

Porém, Chance e Lunch divergiam sobre a postura da banda no palco. Ele achava que devia seguir seu instinto enérgico e que dialogava com o público, já ela queria um posicionamento frio e distante, mantendo ali um distanciamento do artista. O mais engraçado deste depoimento de Lydia Lunch, em que ela conta essa história, no livro de Thurston Moore e Byron Coley, é que ambos também relatam que se conheceram porque estavam dançando no CBGB, que não tinha propriamente uma pista de dança.

No mesmo livro de Moore e Coley sobre a No Wave e o pós-punk nova iorquino, eles relatam “Uma crítica de Robert Palmer [crítico de música do NYT] de um show de James com uma ampla orquestra de jazz, liderada pelo pianista John Fischer, comparou os movimentos de James com os de um contorcionista, tantos os musicais, quantos os físicos. E ele tomou isso pra ele”.

E então ele funda uma de suas mais bem sucedidas criações, a Contortions, cujo primeiro álbum Buy continua sendo elogiado e considerado vanguardista na fusão de jazz e punk, com o sax abrasivo de Chance e as guitarras de Pat Place e Jody Harris. A banda foi empresariada por Anya Phillips, então companheira de Chance, que faleceu em 1981 por causa de um câncer. Anya foi co-fundadora do Mudd Club e designer de moda, bastante influente na No Wave — e, inclusive, é a autora da capa de Buy.

Teenage Jesus and The Jerks e Contortions têm 4 faixas cada na coletânea No New York, produzida por Brian Eno e lançada em 1978. O que a coletânea tem de importante para contar sobre aquele momento musical de Nova York, ela tem de polêmica, pois alguns dos músicos argumentam que, além de não ter retratado toda a cena, ela serviu para encerrar aquela movimentação. Foi depois desse lançamento que o primeiro álbum saiu pela ZE Records. A banda aparece também no filme de Glenn O’Brian, Downtown 81, assim como a DNA, de Arto Lindsay.

James participou de alguns shows do Blondie, reuniu a Contortions para uma apresentação em 2003 e estava na ativa até antes da pandemia. Seus últimos anos foi um período complicado de saúde.

--

--